Novas técnicas permitem prolongar vida Oncologia
Costumava ser mais frequente nas pessoas entre os 40 e os 50 anos. Mas o estilo de vida, muito em especial o consumo de álcool e tabaco, faz com que haja cada vez mais doentes com 30 anos diagnosticados com cancro do pescoço e da cabeça. A relação entre o consumo destas substâncias com a doença do papilomavírus humano também começa a ser estudada pelos especialistas, uma vez que tem vindo a crescer o número de casos diagnosticados.Há cada vez mais jovens com cancro do pescoço e da cabeça, um problema que afectava sobretudo pessoas entre os 40 e os 50 anos. De acordo com Regina Silva, oncologista do IPO de Coimbra, "há essa percepção, porque têm aparecido mais casos de doentes com 30 ou e trinta e poucos anos nas consultas", explica. A tendência sente-se em todo o mundo, sendo que o álcool e o tabaco consumidos precocemente são uma das grandes causas deste incremento, dizem os especialistas.Em crescimento está também o número de casos associados ao papilomavírus humano (HPV), uma associação que começa a ser estudada. É por isso que já há médicos a defender que a vacinação abranja também rapazes. Portugal é o quinto país europeu com maior mortalidade por cem mil habitantes, segundo dados do Oxford Textboot of Oncology. Números justificados pelo facto de os países latinos consumirem em média mais álcool e tabaco.Tal como acontece com o cancro do pulmão, estas doenças estão principalmente associadas ao consumo de álcool e tabaco. Em geral, 8o% a 90% destes casos estão associados aos estilos de vida, "e 95% dos cancros da oro-faringe e cavidade oral devem-se a eles", diz Jean Louis Lefebvre, director do departamento de cirurgia de cancro da cabeça e do pescoço no Centro Oscar Lambret, em França, à margem de uma conferência de imprensa sobre aquelas doenças.Desconhecimento destes cancros, sentimentos de culpa e até a falta de mediatização deste grupo de carcinomas, que são já os sextos mais comuns na Europa, levam a um diagnóstico tardio e, por vezes, fatal.No centro das preocupações dos oncologistas estão, actualmente, os grupos de risco emergentes. Lefebvre explica que, no caso dos mais jovens, o consumo do tabaco e do álcool têm um papel relevante. "Antigamente, o primeiro cigarro era aos 20, agora é aos 13 ou 15. No que diz respeito ao álcool, o consumo regular vinha depois dos 20 e agora é mais cedo, com a cerveja e outros tipos de álcool."Deve atentar-se ainda à relação com o papilomavírus, prevalente em 25% dos casos de cancro da oro-faringe. "Nos jovens, o HPV é relevante, mas há também muitos casos em que não conseguimos associar a causa a ele ou ao álcool e tabaco", explica. Nos Estados Unidos, mais de 60% dos cancros da oro-faringe prendem-se com o HPV, "talvez porque o tipo de vírus ligado a este cancro, seja mais agressivo. Mas ainda temos de desenvolver mais estudos para perceber esta ligação". Certo é que, em todas as faixas etárias, a incidência tende a aumentar, perante o peso dos factores de risco, mas também com a maior longevidade da população.Durante o evento, foi ainda anunciada a aprovação de mais um medicamento de primeira linha para o carcinoma recorrente, quer combinado com quimioterapia como com radioterapia. A combinação de Cetuximab com quimioterapia, de acordo com o estudo Extreme, permitiu aumentar a sobrevivência destes doentes em mais três meses (10,1 contra 7,4), bem como o tempo sem progressão da doença e a resposta dos doentes. O fármaco está aprovado na Europa. Terapias-alvo, dirigidas a genes específicos e moléculas que inibem o crescimento dos tumores, são exemplos da actual investigação em oncologia.
Fonte: Diário de Notícias
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