Mais de 50 ratinhos desprovidos de duas proteínas envolvidas no processo de angiogénese – um processo natural do qual os tumores se alimentam – ficaram praticamente imunes ao desenvolvimento de tumores. A experiência, publicada na revista cientifica “Nature” por uma equipa de investigadores do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova York (EUA), vem comprovar o que outros cientistas já defendiam: o estudo da angiogénese é o caminho certo para a descoberta de novas terapias.
O sucesso dos tumores deve-se, em parte, ao assalto que estes promovem à angiogénese – um mecanismo que possibilita a formação dos novos vasos sanguíneos que os tumores que precisam para se alimentar e crescer. Explica-se assim a razão pela qual os cientistas estão há tanto tempo tão interessados em controlar e compreender melhor este mecanismo, o que poderia levar ao desenvolvimento de novos medicamentos contra o cancro. A equipa de investigadores do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center analisou as funções de duas proteínas – a Id1 e Id3, que já se sabia estarem, envolvidas em alguns passos de um processo chamado transcrição.
Em trabalhos anteriores já se tinha verificado que a interrupção da comunicação entre os genes e estas duas proteínas em ratinhos geneticamente modificados provocava problemas de crescimento e desenvolvimento a vários níveis. Mas o que a equipa descobriu, que nunca tinha sido constatado até hoje, é que estas proteínas são necessárias no processo de angiogenese ao nível do sistema nervoso central. Lembrando o papel da angiogénese no desenvolvimento dos tumores, os cientistas verificaram que se reduzissem a quantidade destas proteínas inibiam o desenvolvimento do cancro e abriam a porta a novas possibilidades de tratamentos.
Dos 57 ratinhos estudados – a que se retiraram os genes que ordenam a produção destas proteínas e se injectaram 100 milhões de células cancerosas -, a equipa observou que muitos não desenvolveram cancro. Os tumores que se desenvolveram não cresceram nem se disseminaram.
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