A leucemia é um tipo de cancro que tem início nas células do sangue.
O conhecimento acerca da leucemia tem vindo a aumentar, devido à investigação; continuam a ser estudadas as suas causas e a ser investigados novos processos de tratamento para esta doença. Graças à investigação contínua, adultos e crianças com leucemia podem esperar uma melhor qualidade de vida, e menor probabilidade de morrer desta doença.
O QUE É A LEUCEMIA?
Normalmente, as células crescem e dividem-se para formar novas células, conforme o organismo delas necessita. Quando as células envelhecem, morrem e novas células tomam o seu lugar. Por vezes, este processo ordeiro corre mal. Formam-se novas células quando o organismo não precisa delas, e as células velhas não morrem, quando deviam.
A leucemia é um cancro que tem início nas células do sangue.
CÉLULAS DO SANGUE NORMAIS
As células do sangue formam-se na medula óssea. A medula óssea é a substância mole que existe no interior dos ossos.
As células do sangue, quando imaturas, chamam-se células estaminais. A maioria das células sanguíneas, amadurecem (maturam) na medula óssea e seguem, depois, para os vasos sanguíneos. O sangue que corre através dos vasos sanguíneos e do coração, chama-se sangue periférico.
A medula óssea produz diferentes tipos de células sanguíneas. Cada tipo tem uma função especial:
• As células sanguíneas brancas (glóbulos brancos) ajudam a combater as infecções.
• As células sanguíneas vermelhas (glóbulos vermelhos) transportam oxigénio para os tecidos, através de todo o organismo.
• As plaquetas ajudam à formação dos coágulos sanguíneos, que controlam as hemorragias.
CÉLULAS DE LEUCEMIA
Nas pessoas com leucemia, a medula óssea produz glóbulos brancos anómalos; estas células anómalas são células de leucemia. No início, as células de leucemia funcionam quase normalmente. Com o tempo, ultrapassam, em número, os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Torna-se, assim, difícil o sangue conseguir realizar a sua função.
TIPOS DE LEUCEMIA
Os tipos de leucemia são agrupados pela rapidez de desenvolvimento da doença e seu agravamento. A leucemia pode ser crónica (piora lentamente) ou aguda (piora rapidamente):
• Leucemia crónica: no início da doença, as células sanguíneas anómalas ainda conseguem desempenhar a sua função, e uma pessoa com leucemia crónica pode não ter quaisquer sintomas. Lentamente, a leucemia vai piorando; vai causando sintomas, à medida que o número de células tumorais aumenta.
• Leucemia aguda: as células sanguíneas são muito anómalas e não conseguem desempenhar as suas funções. O número de células anómalas aumenta rapidamente. A leucemia aguda piora rapidamente.
Os tipos de leucemia são, também, agrupados pelo tipo de glóbulos brancos que são afectados. A leucemia pode surgir em células linfóides (leucemia linfocítica) ou em células mielóides (leucemia mielóide ou mielogénica).
Existem quatro tipos comuns de leucemia:
• Leucemia linfocítica crónica (leucemia linfoblástica crónica, LLC): é responsável por cerca de 7000 novos casos de leucemia, todos os anos. Na maioria das vezes, a pessoa não apresenta sintomas. Esta doença é mais frequente depois dos 55 anos. Quase nunca afecta crianças.
• Leucemia mielóide crónica (leucemia mielogénica crónica, LMC): é responsável por cerca de 4400 novos casos de leucemia, todos os anos. Afecta principalmente os adultos.
• Leucemia linfocítica aguda (leucemia linfoblástica aguda, LLA): é responsável por cerca de 3800 novos casos de leucemia, todos os anos. É o tipo mais comum de leucemia, em crianças. Também afecta os adultos.
• Leucemia mielóide aguda (leucemia mielogénica aguda, LMA): é responsável por cerca de 10600 novos casos de leucemia, todos os anos. Afecta tanto adultos, como crianças.
QUEM ESTÁ EM RISCO
Muitas vezes, o médico não consegue explicar porque é que uma pessoa desenvolve leucemia e outra não. No entanto, a investigação demonstra que determinados factores de risco aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver esta doença.
Globalmente, os factores de risco mais comuns, para a leucemia, são em seguida apresentados:
• Níveis muito elevados de radiação: pessoas expostas a níveis muito elevados de radiação, apresentam maior probabilidade de desenvolver leucemia. Os tratamentos médicos que usam radiações, podem ser outra fonte de exposição elevada a radiações. No entanto, a radiação usada no diagnóstico, expõe a pessoa a níveis muito mais baixos de radiação, e não está ligada à leucemia.
• Trabalhar com determinados químicos: a exposição a níveis elevados de benzeno e de formaldeído, no local de trabalho, pode causar leucemia. O benzeno e o formaldeído são muito usados na indústria química.
• Quimioterapia: uma pessoa com cancro, tratada com determinados fármacos anti-cancerígenos, anos mais tarde pode vir a desenvolver leucemia. Por exemplo, a classe terapêutica anti-cancerígena dos agentes alquilantes, está associada ao desenvolvimento secundário de leucemia, muitos anos depois do tratamento.
• Síndroma de Down e outras doenças genéticas: algumas doenças genéticas, causadas por cromossomas anormais, podem aumentar o risco de leucemia.
• Vírus dos linfomas T humanos (HTLV-1): este vírus causa um tipo raro de leucemia linfocítica crónica, conhecida como leucemia das células T humanas. No entanto, a leucemia não é contagiosa.
• Síndrome mielodisplásico: uma pessoa com esta doença do sangue, tem um risco elevado de desenvolver leucemia.
SINTOMAS DE ALERTA
Como todas as células do sangue, as células da leucemia percorrem todo o corpo. Dependendo do número de células tumorais, e do local onde estas células se depositam, uma pessoa com leucemia pode apresentar sintomas variados.
Os sintomas comuns de leucemia, incluem:
• Febre e suores nocturnos.
• Infecções frequentes.
• Sensação de fraqueza ou cansaço.
• Dor de cabeça.
• Sangrar e fazer nódoas negras (hematomas) facilmente: gengivas que sangram, manchas arroxeadas na pele, ou pequenas pintas vermelhas sob a pele.
• Dor nos ossos e articulações.
• Inchaço ou desconforto no abdómen (em consequência do aumento do baço).
• Gânglios inchados, especialmente os do pescoço e das axilas.
• Perda de peso.
Estes sintomas não são necessariamente sinónimos de leucemia. Uma infecção, ou qualquer outro problema, também pode causar estes sintomas. Se apresentar estes sintomas, deve consultar o médico, logo que possível. Só o médico pode diagnosticar e tratar o problema.
Nas fases iniciais da leucemia crónica, as células tumorais funcionam quase normalmente. Os sintomas podem não aparecer, durante muito tempo. Muitas vezes, o médico descobre a leucemia crónica durante um exame de rotina, isto é, antes de existirem quaisquer sintomas. Quando surgem os sintomas, estes são geralmente ligeiros, no início, e vão piorando, gradualmente.
Na leucemia aguda, os sintomas surgem e pioram rapidamente. A pessoa vai ao médico porque se sente doente. Outros sintomas da leucemia aguda são vómitos, confusão, perda do controlo muscular e convulsões. As células tumorais podem, ainda, depositar-se nos testículos, provocando inchaço. Algumas pessoas também desenvolvem feridas nos olhos ou na pele. A leucemia também pode afectar o aparelho digestivo, os rins, os pulmões ou outras partes do corpo.
FORMAS DE DIAGNÓSTICO
Se uma pessoa apresenta sintomas que sugiram leucemia, o médico tem que proceder a uma observação cuidadosa, e pedir todos os exames complementares necessários, bem como perguntar acerca da sua história clínica e familiar.
Os exames e análises para diagnóstico, podem incluir:
• Exame físico: o médico observa a pessoa, para verificar se existem alterações, por exemplo, dos gânglios linfáticos, do baço e do fígado.
• Análises sanguíneas: o laboratório faz a contagem de células do sangue. A leucemia causa uma grande elevação da contagem dos glóbulos brancos, ou diminuição dos mesmos. Também provoca níveis baixos de plaquetas e hemoglobina. Através da análise do sangue, no laboratório, também pode verificar-se se a leucemia afectou o fígado e os rins.
• Biópsia: o médico remove uma porção de medula óssea, do osso da bacia; a amostra é analisada ao microscópio, por um patologista. Uma biópsia corresponde à remoção do tecido ósseo, para verificação da existência de células cancerígenas. A biópsia é o único método seguro de saber se as células tumorais se encontram na medula óssea.
Existem dois processos para obter medula óssea. Algumas pessoas farão os dois procedimentos:
o Aspiração da medula óssea: o médico usa uma agulha, para remover amostras de medula (interior do osso).
o Biópsia da medula óssea: o médico usa outro tipo de agulha, para remover um pedaço de osso.
• Citogenética: no laboratório, são feitas análises aos cromossomas de células colhidas de amostras de sangue periférico, de medula óssea ou de gânglios linfáticos.
• Punção lombar: o médico remove algum líquido cefalo-raquidiano (líquido que preenche o espaço dentro e em redor do cérebro e da espinal medula). O médico usa uma agulha fina, para remover líquido da coluna vertebral. O procedimento é realizado com anestesia local. Depois, a pessoa tem que permanecer deitada, na horizontal, durante algumas horas, para evitar que tenha dores de cabeça. O líquido é analisado, num laboratório, para detecção de possíveis células tumorais ou outros sinais de patologias.
• Radiografia ao tórax: os raios-X são importantes para avaliar indirectamente os pulmões e o coração.
O TRATAMENTO DA LEUCEMIA
PREPARAÇÃO PARA O TRATAMENTO
O plano de tratamento depende, essencialmente, do tipo de tratamento a efectuar e do estadio da doença. O médico tem, ainda, em consideração o tipo de leucemia, a idade do doente, a possível presença de células tumorais no líquido cefalo-raquidiano, se a leucemia já tinha sido previamente tratada e o estado geral de saúde da pessoa.
MÉTODOS DE TRATAMENTO
Dependendo do tipo e extensão da doença, a pessoa pode fazer quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, transplante de medula óssea ou a associação de diferentes tratamentos.
Uma pessoa com leucemia aguda precisa de ser tratada imediatamente. O objectivo do tratamento é a remissão do tumor. Depois, quando os sinais e sintomas desaparecerem, podem ser administrados tratamentos adicionais, para prevenir uma recidiva. Este tipo de tratamento é chamado de terapêutica de manutenção. Muitas pessoas com leucemia aguda podem ser curadas.
Uma leucemia crónica que não apresente sintomas, pode não necessitar de tratamento imediato. Para algumas pessoas com leucemia linfocítica crónica, o médico pode sugerir a vigilância monitorizada. A equipa médica irá monitorizar a saúde da pessoa, para que o tratamento possa ter início logo que ocorram sintomas, ou se estes piorarem. Quando é necessário tratamento para a leucemia crónica, muitas vezes consegue-se controlar a doença e seus sintomas. No entanto, a leucemia crónica raramente pode ser curada. Os doentes podem fazer terapêutica de manutenção, para ajudar a manter o tumor em remissão.
Quimioterapia
A maioria das pessoas com leucemia faz quimioterapia A quimioterapia consiste na utilização de fármacos, para matar as células cancerígenas. Dependendo do tipo de leucemia, pode ser administrado apenas um fármaco, ou uma associação de dois ou mais fármacos.
A quimioterapia é, geralmente, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com uma regularidade específica, de situação para situação. O tratamento pode ser feito durante um ou mais dias; existe, depois, um período de descanso, para recuperação, que pode ser de vários dias ou mesmo semanas, antes de fazer a próxima sessão de tratamento.
Imunoterapia
Nalguns tipos de leucemia, a pessoa faz imunoterapia. Este tipo de tratamento melhora as defesas naturais do organismo contra o cancro. O tratamento é administrado por injecção numa veia.
Algumas pessoas com leucemia linfocítica crónica, recebem imunoterapia, utilizando anticorpos monoclonais. Estas substâncias ligam-se às células cancerígenas, permitindo que o sistema imunitário elimine as células tumorais, no sangue e na medula óssea.
Por outro lado, alguns doentes com leucemia mielóide crónica recebem imunoterapia com uma substância natural, chamada interferão. Esta substância pode desacelerar o crescimento das células cancerígenas.
Radioterapia
A radioterapia usa raios de elevada energia, para matar as células cancerígenas. Para a maioria dos doentes, uma máquina dirige a radiação para o baço, cérebro ou para outras partes do corpo, onde se tenham depositado células tumorais. Alguns doentes fazem radiação dirigida a todo o corpo; a radiação total ao corpo é, geralmente, realizada antes de um transplante de medula óssea.
Transplante de células estaminais
Algumas pessoas com leucemia, fazem transplante de células estaminais. Um transplante de células estaminais, permite o tratamento com doses mais elevadas de fármacos, de radiação ou de ambos. As doses elevadas, destroem tanto as células cancerígenas como os glóbulos sanguíneos normais da medula óssea. Mais tarde, a pessoa recebe células estaminais saudáveis, através de um catéter que é colocado numa grande veia, no pescoço ou na zona do peito. A partir das células estaminais transplantadas, desenvolvem-se novos glóbulos sanguíneos.
EFEITOS SECUNDÁRIOS POSSÍVEIS
Alguns efeitos secundários específicos dependem, principalmente, do tipo de tratamento e sua extensão (se são tratamentos locais ou sistémicos). Os efeitos secundários podem não ser os mesmos em todas as pessoas, mesmo que estejam a fazer o mesmo tratamento.
Quimioterapia
A quimioterapia afecta tanto as células normais como as cancerígenas. Os efeitos secundários da quimioterapia dependem, principalmente, dos fármacos e doses utilizadas. Em geral, os fármacos anti-cancerígenos afectam, essencialmente, células que se dividem rapidamente, como sejam:
• Células do sangue: estas células ajudam a "combater" as infecções, ajudam o sangue a coagular, e transportam oxigénio a todas as partes do organismo. Quando as células do sangue são afectadas, havendo diminuição do seu número total em circulação, a pessoa poderá ter maior probabilidade de sofrer infecções, de fazer "nódoas negras" (hematomas) ou sangrar facilmente, podendo, ainda, sentir-se mais fraca e cansada.
• Células dos cabelos/pelos: a quimioterapia pode provocar a queda do cabelo e pelos do corpo; no entanto, este efeito é reversível e o cabelo volta a crescer, embora o cabelo novo possa apresentar cor e "textura" diferentes.
• Células do aparelho digestivo: a quimioterapia pode causar falta de apetite, náuseas e vómitos, diarreia e feridas na boca e/ou lábios; muitos destes efeitos secundários podem ser controlados com a administração de medicamentos específicos.
Alguns fármacos anti-cancerígenos podem, ainda, afectar a fertilidade, feminina e masculina. No caso das mulheres, se os ovários deixarem de produzir hormonas como, por exemplo, os estrogénios, poderá apresentar sintomas de menopausa: afrontamentos e secura vaginal. Os períodos menstruais podem tornar-se irregulares ou mesmo parar podendo, ainda, ficar infértil, ou seja, incapaz de engravidar. Se tiver idade igual ou superior a 35 anos, é provável que a infertilidade seja permanente; por outro lado, se permanecer fértil durante a quimioterapia, a gravidez é possível. Os homens podem parar de produzir esperma. Como estas alterações podem ser permanentes, alguns homens congelam e armazenam os seus espermatozóides, antes do tratamento. A maioria das crianças que fizeram tratamento para a leucemia parecem ter uma fertilidade normal, quando crescem. No entanto, dependendo dos fármacos e das doses usadas, e da idade do doente, alguns rapazes e raparigas podem vir a ser inférteis, quando adultos.
Imunoterapia
Os efeitos secundários da imunoterapia dependem do tipo de substâncias usadas e variam de doente para doente. É comum haver erupções cutâneas ou inchaço, no local da injecção. Também podem ocorrer sintomas do tipo da gripe. A equipa médica pode monitorizar o sangue, para detectar sinais de anemia e de outros problemas.
Radioterapia
Durante a radioterapia, poderá sentir-se muito cansado, particularmente nas últimas semanas de tratamento. O descanso é importante, mas, geralmente, o médico aconselha as pessoas a manterem-se activas, dentro do possível. Os efeitos da radioterapia, na pele, são temporários, e a zona irá sarar, gradualmente, assim que termine o tratamento. Pode, no entanto, haver uma alteração duradoura na cor da pele. Se também for administrada quimioterapia, em simultâneo, os efeitos secundários podem ser agravados. O médico poderá sugerir formas de atenuar estes efeitos.
Transplante de células estaminais
As pessoas com leucemia, que fazem transplante de células estaminais, podem ter infecções e perda de sangue. Adicionalmente, em pessoas que recebam células estaminais de um dador, pode haver rejeição, chamando-se "doença do enxerto versus o hospedeiro" (GVHD). Nesta situação, as células estaminais doadas "atacam" os tecidos da pessoa que as recebe. Geralmente, esta doença (GVHD) afecta o fígado, a pele ou o aparelho digestivo; pode ser grave, ou até fatal, e pode ocorrer em qualquer altura depois do transplante, mesmo anos mais tarde. Há medicação que pode ajudar a prevenir, tratar ou controlar este processo de rejeição ( GVHD ).
O conhecimento acerca da leucemia tem vindo a aumentar, devido à investigação; continuam a ser estudadas as suas causas e a ser investigados novos processos de tratamento para esta doença. Graças à investigação contínua, adultos e crianças com leucemia podem esperar uma melhor qualidade de vida, e menor probabilidade de morrer desta doença.
O QUE É A LEUCEMIA?
Normalmente, as células crescem e dividem-se para formar novas células, conforme o organismo delas necessita. Quando as células envelhecem, morrem e novas células tomam o seu lugar. Por vezes, este processo ordeiro corre mal. Formam-se novas células quando o organismo não precisa delas, e as células velhas não morrem, quando deviam.
A leucemia é um cancro que tem início nas células do sangue.
CÉLULAS DO SANGUE NORMAIS
As células do sangue formam-se na medula óssea. A medula óssea é a substância mole que existe no interior dos ossos.
As células do sangue, quando imaturas, chamam-se células estaminais. A maioria das células sanguíneas, amadurecem (maturam) na medula óssea e seguem, depois, para os vasos sanguíneos. O sangue que corre através dos vasos sanguíneos e do coração, chama-se sangue periférico.
A medula óssea produz diferentes tipos de células sanguíneas. Cada tipo tem uma função especial:
• As células sanguíneas brancas (glóbulos brancos) ajudam a combater as infecções.
• As células sanguíneas vermelhas (glóbulos vermelhos) transportam oxigénio para os tecidos, através de todo o organismo.
• As plaquetas ajudam à formação dos coágulos sanguíneos, que controlam as hemorragias.
CÉLULAS DE LEUCEMIA
Nas pessoas com leucemia, a medula óssea produz glóbulos brancos anómalos; estas células anómalas são células de leucemia. No início, as células de leucemia funcionam quase normalmente. Com o tempo, ultrapassam, em número, os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Torna-se, assim, difícil o sangue conseguir realizar a sua função.
TIPOS DE LEUCEMIA
Os tipos de leucemia são agrupados pela rapidez de desenvolvimento da doença e seu agravamento. A leucemia pode ser crónica (piora lentamente) ou aguda (piora rapidamente):
• Leucemia crónica: no início da doença, as células sanguíneas anómalas ainda conseguem desempenhar a sua função, e uma pessoa com leucemia crónica pode não ter quaisquer sintomas. Lentamente, a leucemia vai piorando; vai causando sintomas, à medida que o número de células tumorais aumenta.
• Leucemia aguda: as células sanguíneas são muito anómalas e não conseguem desempenhar as suas funções. O número de células anómalas aumenta rapidamente. A leucemia aguda piora rapidamente.
Os tipos de leucemia são, também, agrupados pelo tipo de glóbulos brancos que são afectados. A leucemia pode surgir em células linfóides (leucemia linfocítica) ou em células mielóides (leucemia mielóide ou mielogénica).
Existem quatro tipos comuns de leucemia:
• Leucemia linfocítica crónica (leucemia linfoblástica crónica, LLC): é responsável por cerca de 7000 novos casos de leucemia, todos os anos. Na maioria das vezes, a pessoa não apresenta sintomas. Esta doença é mais frequente depois dos 55 anos. Quase nunca afecta crianças.
• Leucemia mielóide crónica (leucemia mielogénica crónica, LMC): é responsável por cerca de 4400 novos casos de leucemia, todos os anos. Afecta principalmente os adultos.
• Leucemia linfocítica aguda (leucemia linfoblástica aguda, LLA): é responsável por cerca de 3800 novos casos de leucemia, todos os anos. É o tipo mais comum de leucemia, em crianças. Também afecta os adultos.
• Leucemia mielóide aguda (leucemia mielogénica aguda, LMA): é responsável por cerca de 10600 novos casos de leucemia, todos os anos. Afecta tanto adultos, como crianças.
QUEM ESTÁ EM RISCO
Muitas vezes, o médico não consegue explicar porque é que uma pessoa desenvolve leucemia e outra não. No entanto, a investigação demonstra que determinados factores de risco aumentam a probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver esta doença.
Globalmente, os factores de risco mais comuns, para a leucemia, são em seguida apresentados:
• Níveis muito elevados de radiação: pessoas expostas a níveis muito elevados de radiação, apresentam maior probabilidade de desenvolver leucemia. Os tratamentos médicos que usam radiações, podem ser outra fonte de exposição elevada a radiações. No entanto, a radiação usada no diagnóstico, expõe a pessoa a níveis muito mais baixos de radiação, e não está ligada à leucemia.
• Trabalhar com determinados químicos: a exposição a níveis elevados de benzeno e de formaldeído, no local de trabalho, pode causar leucemia. O benzeno e o formaldeído são muito usados na indústria química.
• Quimioterapia: uma pessoa com cancro, tratada com determinados fármacos anti-cancerígenos, anos mais tarde pode vir a desenvolver leucemia. Por exemplo, a classe terapêutica anti-cancerígena dos agentes alquilantes, está associada ao desenvolvimento secundário de leucemia, muitos anos depois do tratamento.
• Síndroma de Down e outras doenças genéticas: algumas doenças genéticas, causadas por cromossomas anormais, podem aumentar o risco de leucemia.
• Vírus dos linfomas T humanos (HTLV-1): este vírus causa um tipo raro de leucemia linfocítica crónica, conhecida como leucemia das células T humanas. No entanto, a leucemia não é contagiosa.
• Síndrome mielodisplásico: uma pessoa com esta doença do sangue, tem um risco elevado de desenvolver leucemia.
SINTOMAS DE ALERTA
Como todas as células do sangue, as células da leucemia percorrem todo o corpo. Dependendo do número de células tumorais, e do local onde estas células se depositam, uma pessoa com leucemia pode apresentar sintomas variados.
Os sintomas comuns de leucemia, incluem:
• Febre e suores nocturnos.
• Infecções frequentes.
• Sensação de fraqueza ou cansaço.
• Dor de cabeça.
• Sangrar e fazer nódoas negras (hematomas) facilmente: gengivas que sangram, manchas arroxeadas na pele, ou pequenas pintas vermelhas sob a pele.
• Dor nos ossos e articulações.
• Inchaço ou desconforto no abdómen (em consequência do aumento do baço).
• Gânglios inchados, especialmente os do pescoço e das axilas.
• Perda de peso.
Estes sintomas não são necessariamente sinónimos de leucemia. Uma infecção, ou qualquer outro problema, também pode causar estes sintomas. Se apresentar estes sintomas, deve consultar o médico, logo que possível. Só o médico pode diagnosticar e tratar o problema.
Nas fases iniciais da leucemia crónica, as células tumorais funcionam quase normalmente. Os sintomas podem não aparecer, durante muito tempo. Muitas vezes, o médico descobre a leucemia crónica durante um exame de rotina, isto é, antes de existirem quaisquer sintomas. Quando surgem os sintomas, estes são geralmente ligeiros, no início, e vão piorando, gradualmente.
Na leucemia aguda, os sintomas surgem e pioram rapidamente. A pessoa vai ao médico porque se sente doente. Outros sintomas da leucemia aguda são vómitos, confusão, perda do controlo muscular e convulsões. As células tumorais podem, ainda, depositar-se nos testículos, provocando inchaço. Algumas pessoas também desenvolvem feridas nos olhos ou na pele. A leucemia também pode afectar o aparelho digestivo, os rins, os pulmões ou outras partes do corpo.
FORMAS DE DIAGNÓSTICO
Se uma pessoa apresenta sintomas que sugiram leucemia, o médico tem que proceder a uma observação cuidadosa, e pedir todos os exames complementares necessários, bem como perguntar acerca da sua história clínica e familiar.
Os exames e análises para diagnóstico, podem incluir:
• Exame físico: o médico observa a pessoa, para verificar se existem alterações, por exemplo, dos gânglios linfáticos, do baço e do fígado.
• Análises sanguíneas: o laboratório faz a contagem de células do sangue. A leucemia causa uma grande elevação da contagem dos glóbulos brancos, ou diminuição dos mesmos. Também provoca níveis baixos de plaquetas e hemoglobina. Através da análise do sangue, no laboratório, também pode verificar-se se a leucemia afectou o fígado e os rins.
• Biópsia: o médico remove uma porção de medula óssea, do osso da bacia; a amostra é analisada ao microscópio, por um patologista. Uma biópsia corresponde à remoção do tecido ósseo, para verificação da existência de células cancerígenas. A biópsia é o único método seguro de saber se as células tumorais se encontram na medula óssea.
Existem dois processos para obter medula óssea. Algumas pessoas farão os dois procedimentos:
o Aspiração da medula óssea: o médico usa uma agulha, para remover amostras de medula (interior do osso).
o Biópsia da medula óssea: o médico usa outro tipo de agulha, para remover um pedaço de osso.
• Citogenética: no laboratório, são feitas análises aos cromossomas de células colhidas de amostras de sangue periférico, de medula óssea ou de gânglios linfáticos.
• Punção lombar: o médico remove algum líquido cefalo-raquidiano (líquido que preenche o espaço dentro e em redor do cérebro e da espinal medula). O médico usa uma agulha fina, para remover líquido da coluna vertebral. O procedimento é realizado com anestesia local. Depois, a pessoa tem que permanecer deitada, na horizontal, durante algumas horas, para evitar que tenha dores de cabeça. O líquido é analisado, num laboratório, para detecção de possíveis células tumorais ou outros sinais de patologias.
• Radiografia ao tórax: os raios-X são importantes para avaliar indirectamente os pulmões e o coração.
O TRATAMENTO DA LEUCEMIA
PREPARAÇÃO PARA O TRATAMENTO
O plano de tratamento depende, essencialmente, do tipo de tratamento a efectuar e do estadio da doença. O médico tem, ainda, em consideração o tipo de leucemia, a idade do doente, a possível presença de células tumorais no líquido cefalo-raquidiano, se a leucemia já tinha sido previamente tratada e o estado geral de saúde da pessoa.
MÉTODOS DE TRATAMENTO
Dependendo do tipo e extensão da doença, a pessoa pode fazer quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, transplante de medula óssea ou a associação de diferentes tratamentos.
Uma pessoa com leucemia aguda precisa de ser tratada imediatamente. O objectivo do tratamento é a remissão do tumor. Depois, quando os sinais e sintomas desaparecerem, podem ser administrados tratamentos adicionais, para prevenir uma recidiva. Este tipo de tratamento é chamado de terapêutica de manutenção. Muitas pessoas com leucemia aguda podem ser curadas.
Uma leucemia crónica que não apresente sintomas, pode não necessitar de tratamento imediato. Para algumas pessoas com leucemia linfocítica crónica, o médico pode sugerir a vigilância monitorizada. A equipa médica irá monitorizar a saúde da pessoa, para que o tratamento possa ter início logo que ocorram sintomas, ou se estes piorarem. Quando é necessário tratamento para a leucemia crónica, muitas vezes consegue-se controlar a doença e seus sintomas. No entanto, a leucemia crónica raramente pode ser curada. Os doentes podem fazer terapêutica de manutenção, para ajudar a manter o tumor em remissão.
Quimioterapia
A maioria das pessoas com leucemia faz quimioterapia A quimioterapia consiste na utilização de fármacos, para matar as células cancerígenas. Dependendo do tipo de leucemia, pode ser administrado apenas um fármaco, ou uma associação de dois ou mais fármacos.
A quimioterapia é, geralmente, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com uma regularidade específica, de situação para situação. O tratamento pode ser feito durante um ou mais dias; existe, depois, um período de descanso, para recuperação, que pode ser de vários dias ou mesmo semanas, antes de fazer a próxima sessão de tratamento.
Imunoterapia
Nalguns tipos de leucemia, a pessoa faz imunoterapia. Este tipo de tratamento melhora as defesas naturais do organismo contra o cancro. O tratamento é administrado por injecção numa veia.
Algumas pessoas com leucemia linfocítica crónica, recebem imunoterapia, utilizando anticorpos monoclonais. Estas substâncias ligam-se às células cancerígenas, permitindo que o sistema imunitário elimine as células tumorais, no sangue e na medula óssea.
Por outro lado, alguns doentes com leucemia mielóide crónica recebem imunoterapia com uma substância natural, chamada interferão. Esta substância pode desacelerar o crescimento das células cancerígenas.
Radioterapia
A radioterapia usa raios de elevada energia, para matar as células cancerígenas. Para a maioria dos doentes, uma máquina dirige a radiação para o baço, cérebro ou para outras partes do corpo, onde se tenham depositado células tumorais. Alguns doentes fazem radiação dirigida a todo o corpo; a radiação total ao corpo é, geralmente, realizada antes de um transplante de medula óssea.
Transplante de células estaminais
Algumas pessoas com leucemia, fazem transplante de células estaminais. Um transplante de células estaminais, permite o tratamento com doses mais elevadas de fármacos, de radiação ou de ambos. As doses elevadas, destroem tanto as células cancerígenas como os glóbulos sanguíneos normais da medula óssea. Mais tarde, a pessoa recebe células estaminais saudáveis, através de um catéter que é colocado numa grande veia, no pescoço ou na zona do peito. A partir das células estaminais transplantadas, desenvolvem-se novos glóbulos sanguíneos.
EFEITOS SECUNDÁRIOS POSSÍVEIS
Alguns efeitos secundários específicos dependem, principalmente, do tipo de tratamento e sua extensão (se são tratamentos locais ou sistémicos). Os efeitos secundários podem não ser os mesmos em todas as pessoas, mesmo que estejam a fazer o mesmo tratamento.
Quimioterapia
A quimioterapia afecta tanto as células normais como as cancerígenas. Os efeitos secundários da quimioterapia dependem, principalmente, dos fármacos e doses utilizadas. Em geral, os fármacos anti-cancerígenos afectam, essencialmente, células que se dividem rapidamente, como sejam:
• Células do sangue: estas células ajudam a "combater" as infecções, ajudam o sangue a coagular, e transportam oxigénio a todas as partes do organismo. Quando as células do sangue são afectadas, havendo diminuição do seu número total em circulação, a pessoa poderá ter maior probabilidade de sofrer infecções, de fazer "nódoas negras" (hematomas) ou sangrar facilmente, podendo, ainda, sentir-se mais fraca e cansada.
• Células dos cabelos/pelos: a quimioterapia pode provocar a queda do cabelo e pelos do corpo; no entanto, este efeito é reversível e o cabelo volta a crescer, embora o cabelo novo possa apresentar cor e "textura" diferentes.
• Células do aparelho digestivo: a quimioterapia pode causar falta de apetite, náuseas e vómitos, diarreia e feridas na boca e/ou lábios; muitos destes efeitos secundários podem ser controlados com a administração de medicamentos específicos.
Alguns fármacos anti-cancerígenos podem, ainda, afectar a fertilidade, feminina e masculina. No caso das mulheres, se os ovários deixarem de produzir hormonas como, por exemplo, os estrogénios, poderá apresentar sintomas de menopausa: afrontamentos e secura vaginal. Os períodos menstruais podem tornar-se irregulares ou mesmo parar podendo, ainda, ficar infértil, ou seja, incapaz de engravidar. Se tiver idade igual ou superior a 35 anos, é provável que a infertilidade seja permanente; por outro lado, se permanecer fértil durante a quimioterapia, a gravidez é possível. Os homens podem parar de produzir esperma. Como estas alterações podem ser permanentes, alguns homens congelam e armazenam os seus espermatozóides, antes do tratamento. A maioria das crianças que fizeram tratamento para a leucemia parecem ter uma fertilidade normal, quando crescem. No entanto, dependendo dos fármacos e das doses usadas, e da idade do doente, alguns rapazes e raparigas podem vir a ser inférteis, quando adultos.
Imunoterapia
Os efeitos secundários da imunoterapia dependem do tipo de substâncias usadas e variam de doente para doente. É comum haver erupções cutâneas ou inchaço, no local da injecção. Também podem ocorrer sintomas do tipo da gripe. A equipa médica pode monitorizar o sangue, para detectar sinais de anemia e de outros problemas.
Radioterapia
Durante a radioterapia, poderá sentir-se muito cansado, particularmente nas últimas semanas de tratamento. O descanso é importante, mas, geralmente, o médico aconselha as pessoas a manterem-se activas, dentro do possível. Os efeitos da radioterapia, na pele, são temporários, e a zona irá sarar, gradualmente, assim que termine o tratamento. Pode, no entanto, haver uma alteração duradoura na cor da pele. Se também for administrada quimioterapia, em simultâneo, os efeitos secundários podem ser agravados. O médico poderá sugerir formas de atenuar estes efeitos.
Transplante de células estaminais
As pessoas com leucemia, que fazem transplante de células estaminais, podem ter infecções e perda de sangue. Adicionalmente, em pessoas que recebam células estaminais de um dador, pode haver rejeição, chamando-se "doença do enxerto versus o hospedeiro" (GVHD). Nesta situação, as células estaminais doadas "atacam" os tecidos da pessoa que as recebe. Geralmente, esta doença (GVHD) afecta o fígado, a pele ou o aparelho digestivo; pode ser grave, ou até fatal, e pode ocorrer em qualquer altura depois do transplante, mesmo anos mais tarde. Há medicação que pode ajudar a prevenir, tratar ou controlar este processo de rejeição ( GVHD ).
0 comentários:
Enviar um comentário