O melanoma é o tipo de cancro da pele mais grave. Em Portugal surgem, anualmente, cerca de 700 novos casos de melanoma maligno.
O melanoma é um tipo de cancro de pele. Tem início nas células da pele, os melanócitos. Para perceber o melanoma, é útil conhecer a pele e os melanócitos: qual a sua função, como crescem e o que acontece, quando se tornam cancerígenos.
MELANÓCITOS E SINAIS
Os melanócitos produzem melanina, o pigmento que dá à pele a sua cor natural. Quando a pele é exposta ao sol, os melanócitos produzem mais pigmento, fazendo com que a pele bronzeie, ou seja, escureça.
Por vezes, surgem umas proeminências de grupos de melanócitos e de tecido circundante, chamados sinais. Os sinais são muito comuns. A maioria das pessoas tem 10 a 40 sinais. Quando os sinais são removidos cirurgicamente, normalmente não voltam a aparecer.
MELANOMA
O melanoma surge quando os melanócitos (células pigmentares) se tornam malignos. A maioria das células pigmentares encontra-se na pele; quando o melanoma tem início na pele, a doença chama-se melanoma cutâneo. O melanoma pode, também, ocorrer nos olhos (melanoma ocular ou melanoma intra-ocular). O melanoma raramente surge nas meninges, no aparelho digestivo, nos gânglios linfáticos ou noutras áreas onde há melanócitos.
O melanoma é um dos tipos de cancro mais comum. A probabilidade de desenvolver melanoma aumenta com a idade, embora a doença afecte pessoas de todas as idades. Pode ocorrer em qualquer superfície da pele. Nos homens, o melanoma encontra-se, muitas vezes, no tronco (zona entre os ombros e as ancas), ou na cabeça e pescoço. Nas mulheres, desenvolve-se muitas vezes na zona inferior das pernas. A ocorrência de melanoma, na raça negra e noutras raças com pele escura, é rara; quando se desenvolve em pessoas de pele escura, tende a ocorrer sob as unhas dos pés e mãos, na palma das mãos ou planta dos pés.
Quando o melanoma se espalha podem aparecer células cancerígenas nos gânglios linfáticos vizinhos. Os gânglios linfáticos "captam" bactérias, células cancerígenas ou outras substâncias nocivas, que possam estar presentes no sistema linfático. Se o tumor atingiu os gânglios linfáticos, pode significar que as células cancerígenas se espalharam já para outras partes do corpo, tal como o fígado, pulmões ou cérebro. Neste caso, as células cancerígenas do "novo tumor" são, ainda, células de melanoma, e a doença chama-se melanoma metastizado, e não cancro do fígado, do pulmão ou do cérebro (sistema nervoso central).
FACTORES DE RISCO
Globalmente, os factores de risco mais comuns, para o melanoma, são em seguida apresentados:
Nevo displásico: é mais provável que os nevos displásicos se tornem cancerígenos do que os sinais comuns. Os nevos displásicos são comuns, e muitas pessoas têm alguns destes sinais anómalos. O risco é superior em pessoas com um grande número de nevos displásicos. O risco é particularmente elevado em pessoas com história familiar de nevos displásicos ou de melanoma.
Muitos sinais comuns (mais de 50): ter muitos sinais aumenta o risco de desenvolver melanoma.
Pele clara: o melanoma ocorre com maior frequência em pessoas com pele clara, que queima e "faz" sardas facilmente comparativamente a pessoas com pele escura. As pessoas de raça caucasiana (branca) desenvolvem melanoma mais frequentemente do que as de raça negra, provavelmente porque a pele clara sofre mais facilmente os danos causados pelo sol.
História pessoal de melanoma ou cancro da pele: as pessoas que já foram tratadas a um melanoma apresentam risco mais elevado de ter um segundo melanoma. Algumas pessoas desenvolvem mais de dois melanomas. Pessoas que tiveram um ou mais cancros de pele comuns têm risco aumentado para melanoma.
História familiar de melanoma: por vezes, o melanoma ocorre em várias pessoas da família. Ter dois ou mais familiares próximos que tiveram melanoma, é um factor de risco. Cerca de 10% de todas as pessoas com melanoma têm um membro da família com a doença. Quando o melanoma ocorre numa família, todos os membros da família devem ser vistos regularmente por um médico.
Sistema imunitário enfraquecido: pessoas cujo sistema imunitário está enfraquecido por certos tumores, por fármacos administrados depois de um transplante de órgãos ou por HIV, têm risco aumentado de desenvolver melanoma.
Queimaduras solares graves, com feridas ou bolhas: uma pessoa que tenha tido pelo menos uma queimadura solar grave, com formação de bolhas, quando criança ou adolescente tem risco aumentado de melanoma. Como tal, é aconselhável que os pais protejam a pele das crianças do sol. A protecção solar pode reduzir o risco de melanoma, mais tarde na vida. As queimaduras solares, em idade adulta, também são um factor de risco para melanoma.
Radiação UV (ultra-violeta):
Pensa-se que o aumento mundial do número de melanomas esteja relacionado com o aumento do tempo de exposição ao sol. O melanoma é mais comum em zonas com grande incidência de radiação UV do sol. A radiação solar UV provoca envelhecimento prematuro e danos na pele, que podem originar melanoma. As fontes artificiais de radiação UV, como lâmpadas solares e solários, também podem provocar danos na pele e aumentar o risco de melanoma. A exposição aos raios UV naturais deve ser limitada; as fontes artificiais devem ser evitadas.
Sempre que possível, evite o sol do meio-dia (meio da manhã até ao fim da tarde). Sempre que a sua sombra seja menor do que o seu tamanho real, lembre-se que deve proteger-se do sol.
Deve proteger-se da radiação UV reflectida pela areia, água, neve e gelo; as radiações UV também "atravessam" as roupas leves, os vidros do carro e as janelas. Use mangas compridas, calças, chapéu de aba larga e óculos de sol com lentes que absorvam os raios UV.
Use sempre loções, cremes ou geles que contenham protector solar, pois podem ajudar a prevenir o cancro de pele. Pensa-se que os protectores solares ajudem a prevenir o melanoma, especialmente aqueles que reflectem, absorvem e/ou dispersam ambos os tipos de radiação ultravioleta. Estes protectores solares são designados por protectores com "cobertura de largo espectro". A sua classificação é feita de acordo com um factor de protecção solar (SPF). Quanto mais elevado for o SPF, maior a protecção contra queimaduras. Protectores solares com um valor de SPF de 2 a 11 protegem minimamente contra queimaduras; protectores com um SPF de 12 a 29 fornecem protecção moderada. Aqueles com SPF de 30 ou superior têm protecção máxima contra as queimaduras.
Use óculos de sol com lentes que absorvam os UV. A etiqueta deve especificar que as lentes bloqueiam pelo menos 99% de radiação UVA e UVB. Os óculos de sol podem proteger os olhos, bem como a pele à sua volta.
SINAIS E SINTOMAS
Muitas vezes, o primeiro sinal de melanoma é uma alteração no tamanho, forma, cor ou textura de um sinal existente. A maioria dos melanomas apresenta uma zona preta ou preta-azulada; também pode surgir como um novo sinal: pode ser preto, anómalo ou com "mau aspecto".
As imagens em seguida apresentadas são exemplos úteis, mas nunca poderão substituir o exame médico.
Para ajudar a lembrar o que deverá ser vigiado, poderá pensar nas letras "ABCD":
Assimetria: a forma de uma metade não coincide com a outra.
Bordos: as margens são geralmente irregulares, biseladas, parecendo borradas ou irregulares; o pigmento pode espalhar-se para a pele circundante.
Cor: a cor é desigual; pode apresentar sombras de preto, castanho e um tom bronzeado. Também podem ser observadas zonas de branco, cinzento, vermelho, rosa ou azul.
Diâmetro: existe uma alteração no tamanho, que geralmente aumenta. Os melanomas são, por norma, maiores do que a borracha de um lápis (5 milímetros).
No entanto, alguns podem apresentar alterações ou anomalias em apenas uma ou duas das características da regra "ABCD".
O melanoma, numa fase inicial, pode ser detectado quando um sinal existente sofre ligeiras alterações como, por exemplo, quando se forma uma nova zona negra. Outros sintomas comuns de melanoma são: aparecimento de pequenas crostas (recém-formadas) e/ou comichão num sinal existente. Num melanoma mais avançado, a textura do sinal pode modificar-se: pode tornar-se duro ou com protuberâncias. O melanoma pode ter uma aparência diferente de um sinal comum. Os tumores mais avançados podem fazer comichão, exsudar ou sangrar. Regra geral, o melanoma não provoca dor.
No exame médico de rotina, é feito um exame da pele. É importante que a própria pessoa faça o exame da pele, para verificar se tem novas saliências ou quaisquer outras alterações. Qualquer alteração na pele (ex: num sinal) deve ser imediatamente referida ao médico. A pessoa poderá ser vista por um dermatologista (médico especializado em doenças da pele).
O melanoma pode ser curado, se for diagnosticado e tratado enquanto o tumor é fino e não invadiu a pele, em profundidade. No entanto, se não for removido numa fase inicial, as células cancerígenas podem disseminar-se e crescer para o interior da pele, invadindo tecidos saudáveis. Quando um melanoma se torna espesso e profundo, significa que a doença está disseminada, muitas vezes para outras partes do corpo, tornando-se difícil de controlar.
Uma pessoa em risco de ter melanoma deve observar cuidadosa e regularmente a sua pele; deverá fazer exames clínicos regulares à pele.
NEVOS DISPLÁSICOS
Algumas pessoas têm determinados sinais de aspecto anómalo, chamados nevos displásicos ou sinais atípicos; estes sinais têm maior probabilidade de evoluir para melanoma, comparativamente aos sinais normais. A maioria das pessoas tem poucos nevos displásicos. Estes sinais devem ser examinados regularmente, para detectar quaisquer alterações.
Muitas vezes o nevo displásico confunde-se com melanoma. O dermatologista deverá decidir se um sinal de aspecto anómalo deve ser apenas monitorizado ou se, por outro lado, deve ser removido e analisado; só assim se poderá verificar se é cancerígeno.
DIAGNÓSTICO
Se o médico suspeitar que uma mancha na pele é melanoma, a pessoa terá que fazer uma biopsia. A biopsia é a única forma de fazer um diagnóstico definitivo. Neste procedimento, o médico tenta remover a totalidade da proeminência de aspecto suspeito; neste caso, é designada biopsia excisional. Se a saliência for muito grande para ser inteiramente removida, o médico remove apenas uma amostra de tecido.
MÉTODOS DE TRATAMENTO
Uma pessoa com melanoma pode fazer cirurgia, quimioterapia, terapêutica biológica ou radioterapia. Os tratamentos podem ser feitos em associação.
Em qualquer estadio do melanoma, podem ser administrados medicamentos para controlar a dor e outros sintomas do cancro, bem como para aliviar os possíveis efeitos secundários do tratamento. Estes tratamentos são designados como tratamentos de suporte, para controlo dos sintomas ou cuidados paliativos.
Cirurgia
A cirurgia é o tratamento mais comum para o melanoma. O cirurgião remove o tumor e algum tecido saudável em volta, para ter margens de "segurança". Este procedimento reduz a probabilidade de ficarem células cancerígenas na zona do tumor. A extensão e profundidade da pele circundante que necessita de ser removida, depende da espessura do melanoma e do quão profundamente invadiu a pele.
Durante a biópsia, pode conseguir-se remover a totalidade de um melanoma muito fino; pode não ser necessária outra cirurgia.
Se o melanoma não for completamente removido durante a biópsia, é necessário retirar o restante tumor. Na maioria dos casos, a cirurgia adicional é realizada para remover tecido de aspecto normal que rodeia o tumor, para assegurar que todas as células de melanoma são removidas. Este procedimento é necessário, mesmo para melanomas finos; se o melanoma for espesso, o médico pode necessitar de remover uma margem de tecido saudável maior.
Se for removida uma área de tecido grande, o cirurgião pode fazer um enxerto.
Os gânglios linfáticos perto do tumor podem ser removidos, tendo em conta que o tumor pode disseminar-se através do sistema linfático. Se o patologista encontrar células cancerígenas nos gânglios linfáticos, pode significar que a doença já se espalhou para outras partes do corpo. Para remover os gânglios linfáticos, são usados dois procedimentos:
Biópsia do gânglio sentinela: esta biópsia é realizada depois da biópsia do próprio melanoma, mas antes da excisão mais completa do tumor. Nesta operação, o cirurgião injecta perto do tumor uma substância radioactiva. O cirurgião segue e acompanha o movimento desta substância num ecrã de computador. O primeiro gânglio a fixar a substância é chamado de gânglio sentinela. O cirurgião remove o gânglio sentinela para averiguar se existem células cancerígenas. Se existirem, o cirurgião remove os restantes gânglios da zona. No entanto, se tal não acontecer, não são removidos mais gânglios.
Dissecção dos gânglios linfáticos: o cirurgião remove todos os gânglios linfáticos na zona do melanoma.
Quando um tratamento é administrado depois da cirurgia, é chamado tratamento adjuvante; o objectivo é destruir quaisquer células cancerígenas que tenham permanecido no organismo.
A cirurgia não é eficaz para controlar o melanoma disseminado (metastizado) para outras partes do organismo. Nestes casos, o médico pode usar outros métodos de tratamento, tal como a quimioterapia, a imunoterapia, a radioterapia ou uma associação destes métodos.
Quimioterapia
A quimioterapia consiste na utilização de fármacos para matar as células cancerígenas de melanoma. Os fármacos podem ser administrados sob a forma de comprimidos, ou através de uma injecção na veia. Em qualquer das situações, os fármacos entram na corrente sanguínea e circulam por todo o organismo - terapêutica sistémica. Por outro lado, pode ser efectuada uma perfusão selectiva do membro (também chamada de quimioterapia por perfusão arterial selectiva): quando o melanoma surge num braço ou numa perna, os fármacos da quimioterapia são colocados directamente na corrente sanguínea do membro. O fluxo de sangue do membro é interrompido durante algum tempo, permitindo que a maioria do fármaco atinja directamente o tumor; desta forma, grande parte da quimioterapia permanece nesse membro. Adicionalmente, os fármacos podem ser aquecidos antes da injecção. Este tipo de quimioterapia chama-se perfusão hipertérmica.
A quimioterapia é, geralmente, administrada por ciclos de tratamento, repetidos de acordo com uma regularidade específica, de situação para situação.
A maioria das pessoas com melanoma fazem quimioterapia no hospital, no consultório do médico ou em casa, ou seja, não ficam internadas no hospital. No entanto, algumas podem precisar de ficar no hospital, enquanto fazem a quimioterapia.
Imunoterapia
A imunoterapia, também chamada terapêutica biológica, utiliza a capacidade natural do nosso organismo para combater o cancro, através do sistema imunitário (o sistema de defesa natural do organismo). Em alguns casos, a imunoterapia administrada depois da cirurgia pode ajudar a prevenir a recidiva do melanoma. Para doentes com melanoma metastizado ou com elevado risco de recidiva, pode ser recomendado outro tipo de imunoterapia, depois da cirurgia.
Radioterapia
A radioterapia usa raios de elevada energia para matar as células cancerígenas.
Na radiação externa, a radiação provém de uma máquina emissora. Para este tratamento, a maioria das pessoas vai ao hospital ou clínica. Geralmente, os tratamentos são realizados durante 5 dias por semana, durante várias semanas. Este tipo de radiação pode ser usado para controlar o melanoma que se metastizou para o cérebro, para os ossos e para outras partes do corpo. Pode diminuir o tamanho do tumor (regressão) e/ou aliviar os sintomas.
1 comentários:
Eu utilizei sua foto em um pequeno post informativo em nosso blog, mas citei a fonte. Caso isso o desagrade, favor me informar que faço a retirada.
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